Faltam poucos dias para a Final Estadual dos Jogos da Melhor Idade (JOMI), e os medalhistas do programa Viva Melhor de Jaguariúna seguem firmes na preparação. Entre passos de dança, braçadas na água e fôlego na pista, eles se dedicam para brilhar em São João da Boa Vista.
A grande Final acontece de 24 a 28 de outubro, reunindo os melhores atletas das 15 modalidades esportivas da 4ª Região Administrativa do Estado de São Paulo. E Jaguariúna contará com a garra e a determinação dos competidores da coreografia, dança de salão, natação e do atletismo.
A Coreografia do Viva Melhor
A coreografia campeã regional do Viva Melhor garantiu o bicampeonato no 27º Jogos da Melhor Idade com a performance “Black or White”. A apresentação emocionou a plateia e conquistou os jurados, alcançando a maior nota entre as duas categorias (A e B) da modalidade nos jogos regionais de São João da Boa Vista.
Com títulos regionais e estaduais no currículo, o grupo coreográfico já conhece o peso da responsabilidade de se manter no pódio. Para o coreógrafo Michael Weslley, o segredo está na inovação “É um desafio superar cada coreografia. Levar algo diferente que surpreenda jurados e público, seja um acessório, figurino ou novas movimentações, é o ponto principal para que tudo fique especial”, explica.
Para a artista plástica e veterana, Marcia Aparecida Viotto, 69, a sensação do título é única a cada apresentação. “A gente chega no palco com aquela emoção, adrenalina e se solta, faz o que aprendeu com o professor. É uma alegria, uma coisa explosiva e a gente, é lógico, fica feliz”, conta.
Mesmo após três edições regionais, Marcia ainda vive a expectativa de uma estreia “Dá aquele nervosismo, tremor, mas a confiança dos ensaios ajuda. Quando está ali, tudo flui com a mesma emoção. É como se o cérebro falasse: agora é hora de mostrar o que aprendeu. E, quando percebe, já acabou e você pensa: nossa, eu fiz”, com a sensação que ela define ser diferente e muito especial.
O grupo Viva Melhor também contou com quatro estreantes no título de campeão deste ano. Para o coreógrafo Weslley a chegada de novos integrantes é positiva, mas exige sintonia “Renovação ajuda, mas é fundamental ter conexão entre o grupo para que o trabalho aconteça”, ressalta.
O casal de dançarinos, Carlos Martins, 64, e Ana Lúcia, 62, deu um show de participação ao integrar a coreografia bicampeã regional. Para Martins, o momento uniu responsabilidade e emoção “Foi uma responsabilidade muito grande e ao mesmo tempo, uma alegria representar a cidade e depois sair com o grito de campeã solto no ar” e Ana relembra que a emoção começou antes mesmo da apresentação “Durante um passeio pelo ginásio, eu e meu marido fomos tietados por atletas interessados na nossa coreografia. Isso já deu uma baita responsa. E quando vi a entrada da bandeira de Jaguariúna, foi uma emoção muito profunda estar representando nossa cidade”.
O apoio da torcida também marcou o casal. “Um grupo pequeno que se tornou grande dentro do ginásio. Foi emocionante sentir o calor da torcida, resultado de um trabalho em conjunto, com muitos treinos e dedicação”, diz Martins. Já Ana, descreveu o momento como aguinha nos olhos “Dançar diante da torcida jaguariunense foi emocionante. Ouvir o som de campeão, é algo que a gente guarda. Foi muito bonito, não é a toa que levamos a melhor nota pela ocupação do espaço e variedade de passos”, desabafa feliz.
A coreografia Viva Melhor da Secretaria de Juventude, Esportes e Lazer (SeJEL) de Jaguariúna vem sendo homenageada por munícipes e autoridades do município e da região. O grupo conquistou o título de campeã na 27ª Fase Regional do JOMI, foi premiado no Festival de Dança de Valinhos como melhor grupo da Melhor Idade, além de obter 1º e 2º lugar com Fogo Latino e Black or White. E ainda garantiu o título de campeã do 42º Festival de Dança de Joinville, apenas neste ano.
Para o coreógrafo Weslley, o segredo do sucesso está em três pilares “Acreditar, se dedicar e amar o que faz. Isso garante bons resultados, independente de quanto tempo leve.” Ele destaca ainda a adesão dos alunos às práticas de atividade física nos parques da cidade como fator essencial para o desempenho do grupo.
A Natação de Pelizzon
Na piscina, o nadador Carlos Pelizzon, 66, garantiu o 3º lugar nos nado costas, categoria B. Contador e apaixonado pela natação, ele treina firme e acredita que a técnica e a vontade de evoluir são os segredos do sucesso “A natação trabalha o corpo todo e não tem contraindicação, é um esporte para a vida”, afirma.
Carlos treina firme às terças e quintas-feiras, com foco em melhorar suas técnicas de largada e aperfeiçoar cada detalhe da prova. “Tenho treinado bastante e contado com o apoio da professora Regiane, que vem ajudando a ajustar técnicas para evoluir cada vez mais. Estamos confiantes em bons resultados”, revela.
Sobre os adversários, ele destaca o alto nível da competição “O JOMI reúne nadadores muito bem preparados, o que torna cada disputa ainda mais motivadora. É uma grande experiência poder competir lado a lado com eles”, com experiência adquirida, Carlos se sente mais preparado física e psicologicamente “Uns três meses antes da prova, intensifico os treinos, focando em técnica, alongamento, respiração e força de pernas”, fazendo a diferença na competição.
Apaixonado pela modalidade desde jovem, Carlos começou a nadar por lazer. No início colecionava apenas medalhas de participação, mas, com o tempo e a dedicação, vieram os pódios e até provas em mar aberto “Participei de etapas no Guarujá e em Ilha Bela, nadando um quilômetro no mar e correndo mais cinco. Conquistei boas classificações e fui pegando gosto. O bom é que a natação não exige muito - com um óculos e uma sunga já dá pra cair na água”.
Para ele, o maior ganho está na qualidade de vida “É um esporte completo, sem impacto, que trabalha todos os musculos, ajuda na respiração e até na recuperação de problemas físicos. Não tem contraindicação e pode ser praticado em qualquer idade. No JOMI eu vi atletas de 80 e 90 anos nadando 25 metros, foi emocionante. Isso nos inspira a seguir em frente”, conclui.
O Atletismo de Marchesini e Ferreira
Nas pistas, a experiência vem com idade e energia de sobra. Aos 88 anos, Pedro Marchesini conquistou o 3º lugar nos 500 metros rasos. “O que mata os velhos é o sofá. Caminhar todos os dias é necessário”, ensina com bom humor e sabedoria.
Sobre a prova, ele comenta “Não foi tão difícil. Minhas pernas estavam muito boas, graças a Deus, então eu fui bem”. Marchesini mantém sua rotina de treino de forma simples e consistente “Faço caminhada todos os dias, treino os 500 metros sozinho. Meus adversários estavam bem preparados, mas quando é 500 metros, ou você sai na frente ou não consegue recuperar, então é preciso estar atento.
Com várias participações na fase regional, ele acredita que a boa performance vem de hábitos saudáveis “Boa alimentação, caminhar diariamente e até praticar jogos de mesa para a mente, fazem diferença”. Atleta dedicado desde 1990, Pedro coleciona medalhas todos os anos, sempre entre as primeiras colocações “Sou um atleta de coração”, orgulha-se.
Já Antonio Ferreira, 70, metalúrgico aposentado e campeão regional, reforça a importância da disciplina e da vida ativa “Disciplina, rotina ativa e vontade de estar entre amigos são o segredo da longevidade”. Com apoio da Secretaria de Esportes, ele e os demais atletas mostram que a melhor idade é, sim, tempo de superação, saúde, amizade e conquistas.
A conquista do 1º lugar regional nos 1200 Metros Rasos, Ferreira diz “Tenho uma vida bastante ativa, praticando atletismo e também voleibol adaptado. No dia da competição, estava bem preparado e, graças a Deus, consegui o 1º lugar. Mas tudo depende de disciplina e dedicação, principalmente na nossa idade, quando alguns probleminhas podem aparecer”.
Sobre o preparo físico e psicológico, Ferreira comenta “Este ano, eu mudei de categoria e fiquei com um grupo mais ou menos da minha altura, mas em melhores condições. Muito depende do psicológico e do emocional no dia da prova. Na primeira volta, saí um pouco atrás para sentir meu ritmo, na segunda volta passei na frente e na terceira deslanchei. Acredito que cheguei uns 80 a 100 metros à frente dos demais”, relata emocionado.
Ferreira participa do JOMI desde 2016, ano em que chegou a ser vice-campeão no atletismo “Na minha primeira participação perdi para um atleta da equipe Cuca de Campinas. Estava na frente, vacilei um pouco e ele conseguiu passar. Desde então, participo sempre no atletismo, voleibol adaptado ou dominó, mantendo a disciplina e a rotina ativa”. Ele destaca a importância da competição para além do desempenho “Gosto muito de competir, sou bastante competitivo, mas o que mais importa é estar entre amigos. Não é só ganhar, é a amizade e o círculo de companherismo que a gente cria. Isso contribui para o bem-estar da vida do idoso”, finaliza.
A Dança de Salão de Marilene e Roberto
O casal de dançarinos do Viva Melhor, Marilene Ferrari, 83, e Antonio Roberto, 79, somou 36,45 pontos e o 2º lugar na Dança de Salão dos Jogos da Melhor Idade deste ano, na cidade de São João da Boa Vista.
A Dança de Salão e as histórias como a de Marilene, mostram que os jogos vão muito além de uma competição, é um palco de superação, aprendizado e novas conquistas. Em apenas dois anos de dança, ela já coleciona troféus e agora carrega a emoção de representar nossa cidade na Fase Estadual. “Já vivi emoções únicas com a dança de salão. Conquistei 2º e 3º lugares e agora tenho o coração a mil para a estadual, pois é uma honra, o compromisso de acertar os passos, o ritmo e os floreios bonitos e delicados nos transforma em bailarinos. Nunca imaginei que dançaria na vida, a gente nunca para de aprender” conta Marilene.
Seu parceiro de dança, Antonio Roberto, 79, também celebra as conquistas e destaca o aprendizado que a modalidade proporciona “É lógico que gostaria da primeira colocação, mas o segundo lugar ficou de bom tamanho, já que o casal vencedor fez uma boa apresentação. Agora é fazer o possível para uma boa colocação na Estadual, onde a competição é mais acirrada, pois reúne os melhores de cada região", e completa "Que os competidores da Final Estadual possam representar com orgulho não apenas o município, mas também a força e a inspiração da pessoa idosa, que mostra diariamente que nunca é tarde para viver novas conquistas” a participação, segundo Roberto envolve aprimorar os conhecimentos, conviver com pessoas incríveis e sentir-se parte de um time. “O mais importante é aprender a lidar com o fato de, às vezes, não conseguir o melhor, e isso também faz parte da vida”, conclui.
A cerimônia de abertura da Final Estadual dos Jogos da Melhor Idade e apresentação das coreografias classificadas acontece no dia 24 de outubro, na cidade de São João da Boa Vista.